Isolamento, falta de diálogo e vínculos frágeis impulsionam crise de saúde mental em Blumenau

Aumento de 30% nos casos em dez anos e fila de até 8 mil por atendimento motivaram comissão especial na Câmara de Vereadores.

Imagem ilustrativa: OBlumenauense (desenvolvida com o auxílio de Inteligência Artificial)

A saúde mental da população de Blumenau enfrenta um cenário cada vez mais desafiador. Educadores e profissionais da área relatam que muitos adolescentes e até crianças a partir dos oito anos apresentam sinais de sofrimento emocional intenso, agravados por fatores como isolamento social, ausência de diálogo e laços familiares fragilizados. Esses elementos têm comprometido o desenvolvimento emocional e contribuído para um aumento expressivo na demanda por atendimento psicológico.

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Nos últimos dez anos, os casos relacionados a problemas emocionais e psicológicos cresceram cerca de 30% na cidade. Atualmente, estima-se que entre 6 e 8 mil pessoas aguardem por atendimento psicológico na rede pública municipal. Profissionais da saúde mental apontam ainda que, dos cerca de 10 casos acolhidos por dia, de dois a três envolvem tentativas de suicídio — sendo a faixa etária entre 18 e 30 anos a mais afetada.

Foto: Edilaine Kalenski

Diante desse quadro, a Câmara de Vereadores de Blumenau deu início nesta terça-feira (10/06/25) aos trabalhos da Comissão Especial de Saúde Mental. A proposta, liderada pelo vereador Bruno Cunha, é abrir espaço para escuta qualificada, reunir diagnósticos e buscar soluções práticas para fortalecer a rede de apoio no município.

“Precisamos romper tabus, ampliar o diálogo e tratar a saúde mental como prioridade de política pública. A comissão nasce com esse compromisso de construir propostas concretas junto com especialistas e a sociedade”, afirmou Bruno Cunha, que preside o grupo.

A reunião contou com a presença do enfermeiro Márcio Aramburu, coordenador do Caps; da enfermeira Simone Martins, coordenadora da Atenção Especializada do município; de Deisi Maria Sedrez Theiss, supervisora de Serviços de Atenção Psicossocial; e dos representantes do movimento Janeiro Branco em Blumenau, Franklin Fischer e Jonathan Krueger. Os vereadores Marcelo Lanzarin, Cristiane Loureiro, Silmara Miguel e Bruno Win também participaram — este último será o relator da comissão e responsável por elaborar um relatório final a ser encaminhado ao Executivo.

Entre as propostas discutidas está a transformação do Caps II em Caps III, o que permitiria internações breves e um atendimento mais amplo dentro do próprio serviço. Os profissionais também defenderam maior integração entre os setores da rede, como atenção primária, universidades e o CVV (Centro de Valorização da Vida), além da capacitação de servidores públicos para uma atuação mais empática e humanizada.

A comissão terá duração de três meses, com novas reuniões já previstas. A expectativa é que, ao fim do processo, sejam apresentadas medidas concretas para enfrentar a crise de saúde mental em Blumenau.


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